O termo cancro refere-se a um conjunto de doenças caracterizadas pelo desenvolvimento de células anormais em qualquer parte do corpo, que se dividem e crescem sem controlo. As células saudáveis dividem-se e morrem, ao passo que as células cancerígenas perdem essa capacidade de morrer e dividem-se descontroladamente. Esta multiplicação no número de células forma massas denominadas por tumores ou neoplasias, que destroem e infiltram outros tecidos saudáveis.
No caso do cancro do pulmão, a célula saudável que se transforma na célula tumoral encontra-se no epitélio que reveste a árvore brônquica, desde a traqueia até ao bronquíolo terminal mais fino, e nas células encontradas nos alvéolos pulmonares.
Quais são os seus sintomas?
A maioria dos doentes só vai ao médico quando surgem sintomas. O problema é que na maioria dos casos, estádio precoce do cancro do pulmão, em que existem maiores probabilidades de cura, não ocorrem sintomas.
As manifestações no cancro do pulmão dependem do estádio da doença. As fases iniciais costumam ser assintomáticas, mas pode dar-se o caso de surgirem sintomas que podem ser confundidos com outras doenças. Quando o cancro progride, é normal aparecer a tosse ou um agravamento da tosse previamente existente, sendo estes sintomas desvalorizados pelos doentes, sobretudo se fumadores.
No desenvolvimento da doença, o cancro do pulmão costuma ser diagnosticado quando o tumor começa a interferir com outros órgãos. Por exemplo, pode gerar fluidos que se acumulam no pulmão ou no espaço que o circunda (derrame pleural).
Em estádios mais avançados do tumor, os sintomas mais frequentes são o cansaço, a perda de apetite, a tosse seca, a tosse com expectoração, a tosse com sangue na expectoração, dificuldade respiratória ou dor torácica. Além disso, podem aparecer novos sintomas relacionados com metástases, ou seja a invasão de células tumorais, nos gânglios linfáticos, ossos, cérebro, fígado ou glândulas supra-renais.
Em alguns casos, pode surgir também um síndrome paraneoplásico que origina sintomas causados por substâncias bioquímicas e por hormonas segregadas pelo tumor, produzindo alterações no funcionamento de outros órgãos.
Tipos de cancro do pulmão
O cancro do pulmão é classificado de acordo com o tipo de células que compõem o tumor. Assim, pode tratar-se de cancro do pulmão de células não-pequenas, que é o mais frequente, e de cancro de pulmão de células pequenas (diferenciam-se através da análise pelo médico patologista). O carcinoma de pulmão de células pequenas é um tumor muito agressivo que muitas vezes se encontra com metástases no momento do diagnóstico. O cancro de células não-pequenas, por sua vez, subdivide-se em três tipos mais frequentes: carcinoma epidermóide, adenocarcinoma e cancro de grandes células.
Cada tipo de cancro cresce e dissemina-se de forma diferente, pelo que o tratamento também é diferente. O estadiamento da doença é determinado pela localização e pelo tamanho do tumor, bem como pela presença ou ausência de disseminação para os gânglios linfáticos próximos ou para as zonas distantes do corpo.
Ao aumento progressivo do conjunto de células tumorais dá-se o nome de proliferação. Quando o tumor progride, as células diferenciam-se cada vez mais, sofrem mutações genéticas e aumentam a sua agressividade. De seguida, produz-se a extensão do tumor a nível local e loco-regional, e a infiltração dos microvasos linfáticos e sanguíneos, provocando a sua expansão através do sistema linfático e sanguíneo. Quando as células tumorais invadem os gânglios linfáticos e colonizam outros órgãos ocorrem metástases à distância.
Perfil do doente com cancro do pulmão
O cancro é uma das principais causas de morbilidade de mortalidade em todo o mundo. Durante o ano de 2012, registaram-se 8.2 milhões de mortes relacionadas com esta doença, das quais 1.59 milhões tiveram origem no cancro do pulmão. De facto, este tipo de cancro esteve à frente de outros, como o cancro hepático, gástrico, colo-rectal ou de mama.
Em Portugal, estima-se que ocorram 4 mil novos casos por cada ano, o que representa 11,4% dos tumores entre os homens (3 mil casos) e 4,2% entre as mulheres (mil casos). Este tipo de cancro prevalece mais entre os homens; a média no mundo é de 2,5 homens para cada mulher afetada, embora em Espanha seja de 3 para 1. Isto é, para cada 3 homens diagnosticados, há apenas 1 caso em mulheres.
A idade média do diagnóstico situa-se entre os 60 e os 80 anos de idade, embora possam ocorrer casos entre os 35 e os 40 anos.
Prognóstico
A ciência não pára de avançar e a área de oncologia é uma das que mais beneficia das investigações, especificamente o cancro do pulmão. O objetivo é que este deixe de ter um desfecho tão negativo e que se consiga avançar na prevenção primária, no diagnóstico precoce e na terapêutica.
Atualmente, estima-se que 10,7% das pessoas diagnosticadas com este tipo de cancro sobreviva mais de 5 anos.
Com o avanço científico, tem-se assistido a uma melhoria franca da sobrevivência sobretudo entre os homens, especialmente nos países ocidentais. Nas mulheres, parece haver uma tendência para o aumento da incidência, embora as taxas de mortalidade permaneçam baixas.