O ABCDE do Melanoma
Um sinal suspeito detectado por si, por um membro da família ou pelo médico é o primeiro sinal de alarme. No auto-exame à pele, veja se o seu sinal tem alterações suspeitas, segundo o esquema ABCDE. Cada letra da regra corresponde a uma característica:
Isto não significa que o sinal suspeito deva ter todas as características, mas algumas – pelo menos três – delas.
Exames
Para confirmar que a lesão de pele corresponde a um melanoma, o médico irá realizar vários testes:
Exame clínico: O primeiro é um exame físico feito pelo médico, que constitui a base para o diagnóstico. Este exame físico incluirá a análise de sinais suspeitos segundo a regra ABCDE, bem como do resto da superfície do corpo. Além disso, o especialista pode questioná-lo sobre possíveis factores de risco, como antecedentes familiares, exposição solar durante a infância, etc. O exame pode ser complementado com a palpação dos gânglios linfáticos do pescoço, axilas, virilha e abdómen.
Exame com aparelhos: O médico pode complementar o exame através de alguns testes realizados com dispositivos. Alguns dos possíveis testes que podem ser solicitados pelo médico com base no exame físico inicial são:
- Dermatoscopia, consiste num pequeno dispositivo que ilumina e amplia os pontos da pele de forma a serem examinados mais pormenorizadamente.
- Radiografia do tórax
- Ecografia abdominal
- Ecografia ganglionar
- Ressonância magnética do cérebro, da cabeça e do pescoço
- TAC torácica, abdominal e/ou pélvica
- Tomografia por emissão de positrões
Análise ao sangue: Não há nenhum biomarcador específico para o melanoma. Desta forma as análises são gerais, para verificar o perfil renal, hepático,…assim como a LDH, uma análise bastante inespecífica mas que em estadios mais avançados pode estar alterada.
Exame histológico: Confrontado com a suspeita de que existe um melanoma, o médico realiza uma biópsia ou realiza uma excisão da lesão suspeita, para confirmação do diagnóstico. Posteriormente à excisão é comum ser necessário realizar um alargamento de margens da zona excisada, incluindo tecido normal circundante com anestesia local, de forma a haver uma margem de segurança e evitar uma recidiva local.
Pesquisa de gânglio sentinela: Em alguns casos pode estar indicada a realização de pesquisa de gânglio sentinela, que permite identificar o trajeto de drenagem linfática do tumor, e confirmar se neste já existem células tumorais. Este procedimento permite completar o estadiamento do tumor.
Resultados da Biópsia
A informação proporcionada pela biópsia permite o diagnóstico definitivo e classificar o tumor primário de forma a se proceder a uma estratégia terapêutica adequada.
A biópsia fornece-nos uma série de dados, tais como:
- Índice de Breslow: este parâmetro classifica o tumor de acordo com a espessura do tumor. A sua medição é realizada em milímetros e, quanto maior a espessura, pior o prognóstico.
- Nível de invasão de Clark: classifica o tumor de acordo com o seu crescimento vertical e em que camadas existe já invasão de tecido. À medida que o crescimento vertical avança, o tumor vai penetrando e passa a epiderme, a derme, a derme papilar, reticular e tecido adiposo subcutâneo. Existem vários níveis, desde I (melanoma in situ) até V (células infiltraram o tecido celular subcutâneo).
- Índice mitótico: estudos microscópicos realizados para verificar quantas células tumorais se estão a dividir por milímetro quadrado. Quanto mais vezes se dividam, pior o prognóstico.
- Ulceração do tumor: Na observação ao microscópio também se avalia se na superfície do tumor já existe ulceração do mesmo. Este factor é de pior prognóstico.
- Presença e extensão da regressão do tumor: indica que o tumor já foi maior, mas que diminuiu de tamanho ao soltarem-se dele pequenos “satélites” de células tumorais ou por existir já uma resposta do organismo contra as células tumorais.
- Margens positivas ou negativas: ao remover um tumor, os médicos verificam se as margens do tecido excisado ainda têm tumor ou não. O objectivo é haver tecido normal na região circundante excisada, de forma a haver margens de segurança, para evitar uma recidiva.
- Invasão linfovascular: se as células tumorais estiverem presentes nos vasos sanguíneos e linfáticos da pele excisada é um factor de pior prognóstico pelo risco de disseminação.
- Linfócitos infiltrantes do tumor: É um sinal que o sistema imunológico do corpo está a lutar ativamente contra as células tumorais, sendo um factor de bom prognóstico.
- Podem ainda ser realizados nalguns casos em particular no tumor primário, análises de possíveis mutações, nomeadamente aos genes BRAF, NRAS, c-kit. Estas mutações são intrínsecas ao tumor e não têm qualquer componente hereditário.
Estádios do Melanoma
Após o diagnóstico de melanoma e a realização de exames complementares de diagnóstico que permitem o estadiamento final deste tumor pode ser tomada a decisão de manter apenas vigilância ou se é indicado qualquer tipo de tratamento.
O estadiamento é realizado segundo um sistema de avaliação designado por TNM:
- T – tamanho do tumor e invasão de tecido circundante (avaliação do tumor primário)
- N – presença de células tumorais nos gânglios linfáticos regionais
- M – Existência de metástases (células tumorais) noutros órgãos ou à distância.
A combinação dos dados de cada um destes parâmetros permite classificar o melanoma num dos quatro estadios clínicos nos quais se pode encontrar:
- Estádio 0: melanoma in situ
- Estádio I e II: melanoma sem evidência de doença em gânglios linfáticos ou outros órgãos.
- Estádio III: células tumorais presentes em gânglios linfáticos regionais
- Estádio IV: metástases noutros órgãos
Tabela fornecida pela Sociedade Europeia de Oncologia Médica (European Society for Medical Oncology, ESMO) para pacientes:
Estádio 0 |
O tumor é limitado à epiderme e não se espalhou para a derme. Além disso, não há células tumorais nos gânglios linfáticos. O melanoma do estádio 0 também é conhecido como melanoma in situ. |
Estádio I |
A espessura do tumor é:
Além disso, sem células tumorais nos gânglios linfáticos. O estádio I é dividido em IA e IB, de acordo com a combinação de espessura e presença ou não de ulceração. |
Estádio II |
A espessura do tumor é:
Além disso, sem células tumorais nos gânglios linfáticos. O estádio II é dividido em estádios IIA, IIB e IIC, de acordo com a combinação de espessura e presença ou ausência de ulceração. |
Estádio III |
Independentemente da espessura do tumor e/ ou presença de ulceração, existem células tumorais nos gânglios linfáticos regionais (metástases ganglionares).O estádio III é dividido em estádio IIIA, IIIB e IIIC, de acordo com a localização, número e a extensão das metástases loco-regionais. |
Estádio IV |
O tumor estendeu-se:
A subclassificação em estadio IV A, IVB ou IV C é dependente dos locais para onde ocorreu a metastização e se a análise de LDH (no sangue) está alterada ou não. |